Pátria, Identidade e Nação

A ideia de Portugal e da Pátria portuguesa tem-se transformado.

Porque falar de pátria ou mesmo de nação em Portugal era até há pouco tempo algo de bem pouco recomendável. Efectivamente, não deixa de chamar a atenção a escassez de reflexões e estudos sobre a nação portuguesa ou o patriotismo em Portugal ou mesmo a identidade portuguesa. Exemplos como os de Jorge Dias, José Matoso ou Eduardo Lourenço não se multiplicaram. A verdade é que o país mudou substancialmente, quer no que respeita aos terrenos político, económico e cultural, quer no tocante à composição social, nomeadamente com as transformações ocorridas nas últimas três décadas no tecido étnico, quer ainda quanto à ideia de posicionamento no mundo.

O que não tem impedido que muito do anterior se tenha mantido até aos dias de hoje. Os complexos de esquerda e os medos da direita inviabilizaram, por assim dizer, este debate.

Só muito recentemente se começou a falar de novo de patriotismo e de nacionalismo e o discurso crítico sobre as heranças do passado se começou a alargar a círculos cada vez mais amplos.

Só agora, ao fim de muitos anos de silêncio, começámos a compreender que existem conceitos democráticos de pátria, nação e nacionalismo de cidadãos e que uma democracia desenvolvida e estável necessita desses conceitos, os quais se fundem com uma percepção de uma cultura portuguesa aberta e em transformação. Só nos últimos anos começámos a recuperar as "reservas" que temos tido sobre nós mesmos, sobre o nosso passado.

As reflexões que se seguem reflectem porventura o processo de transformação em que estamos finalmente imersos.